O conceito popular de inferno é o de um lugar de punição para almas imortais pecadoras após a morte, ou o lugar de tormento para aqueles que são condenados no dia do julgamento. Entretanto o que a Bíblia descreve como inferno é a sepultura, para onde todos vão após a morte.
A palavra Hebraica "sheol", traduzida "inferno", significa "um lugar coberto". Biblicamente, este "lugar coberto" é a sepultura. Existem muitos exemplos onde a palavra "sheol" é traduzida para sepultura. Em algumas bíblias modernas a palavra inferno já não é mais encontrada, traduzida mais apropriadamente para sepultura. Um simples exemplo que mostra o verdadeiro significado da palavra "sheol" já é suficiente para derrubar o conceito popular referente à um lugar de fogo e tormento para ímpios, entretando, temos na Bíblia não apenas um, más vários exemplos.
"Deixa confundidos os ímpios, e emudeçam na sepultura [sheol]" Sal. 31:17 - Eles vão estar gritando em agonia lá no sheol?
"Deus remirá a minha alma do poder da sepultura [sheol], pois me receberá" Sal. 49:15 - Ou seja, a alma de Davi vai ressuscitar da sepultura, não do inferno.
A crença que o inferno é um lugar de punição para ímpios de onde não podem escapar não combina com estes versículos; Um homem justo pode ir pra o "sheol" e voltar de lá (na ressurreição). Oseias 13:14 confirma isto: "Eu os remirei (o povo de Deus) da mão do "sheol", e os resgatarei da morte". Isto é repetido em 1 Cor. 15:55 e aplicado à ressurreição no retorno de Cristo. Da mesma maneira, na visão da segunda ressurreição, "a morte e a sepultura [sheol] entregaram os mortos que estavam neles" (Apo. 20:13). Note o paralelo entre morte e sepultura. (veja também salm. 6:5)
"A oração de Ana em 1 Sam 2:6 é muito clara: "O SENHOR é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz subir".
Visto que "inferno" é a sepultura, deve-se esperar que o justo seja salvo disto através de sua ressurreição para a vida eterna. Portanto é possível entrar no "sheol", na sepultura, e depois deixá-la através da ressurreição. Jesus é maior exemplo disto, pois "sua alma não foi deixada no "sheol", nem sua carne viu corrupção" (Atos 2:31) porque ele ressussitou. Note o paralelo entre a 'alma' de Cristo e sua 'carne'. Dizer que o corpo dele "não foi deixado no sheol" implica, necessariamente, que esteve lá por um período, ou seja, os três dias nos quais seu corpo esteve na sepultura. O fato de Cristo ter ido ao "sheol" é prova suficiente que este não é um lugar para onde somente vão os ímpios.
Ainda neste linha de pensamento, podemos ver que existem outros exemplos de homens justos indo pro "sheol". Jacó disse que ele iria "descer à sepultura chorando" por seu filho José (Gen. 37:35).
Como está escrito, Deus não imputa o pecado para aqueles que são ignorantes da sua palavra (Rom 5:13). Aqueles nesta situação apenas vão permanecer mortos. Aqueles que conheceram as leis de Deus vão ressussitar e serão julgados no retorno de Cristo. E a punição para os pecadores é o que foi declarado em Apo. 2:11; 20:6, ou seja, a segunda morte, a qual será de total inconsciência tal como na primeira e será para sempre. É neste sentido que a punição pelo pecado é "eterna", ou seja, permanecer mortos para sempre é uma punição "eterna". Um exemplo onde a Bíblia usa este tipo de expressão é encontrado em Deut. 11:4, onde é descrita a destruição, por Deus, do exército de Faraó no mar vermelho como durando até os dias de hoje, eterna por implicação, ou seja, que aquele exército nunca mais vai pertubar Israel. "e o que fez ao exército do Egito, aos seus cavalos e aos seus carros, fazendo passar sobre eles as águas do mar Vermelho, quando vos perseguiam, e como o SENHOR os destruiu até ao dia de hoje". Mesmo no início dos tempos do velho testamento, os crentes já entendiam que haveria uma ressurreição no último dia, após o qual os pecadores responsáveis retornariam à sepultura. Jó 21:30,32 é muito claro: "o mau é preservado para o dia da destruição e arrebatado no dia do furor... Finalmente é levado à sepultura". Uma das parábolas sobre o retorno de Cristo e o julgamento fala dos pecadores sendo "mortos" em sua presença (Lc 19:27). Deus não se agrada na punição dos pecadores; Portanto, podemos esperar que Ele não irá puní-los eternamente . (Eze. 18:23,32; 33:11 comp. 2 Ped 3:9).
Os cristãos enganados por doutrinas erradas geralmente associam o "inferno" (sheol) com a idéia de fogo e tormento. Este é um conceito que vai contra o ensinamento bíblico sobre o que é "inferno". Eze. 32:26-30 dá uma idéia dos poderosos guerreiros das nações em seu redor descansando em paz no "sheol": "os valentes que caíram dos incircuncisos (em batalha), os quais desceram ao "sheol" com as suas armas de guerra...". Isto refere-se ao costume de enterrar guerreiros com suas armas. Observe que esta é uma descrição do "sheol" - a sepultura. Observe que coisas físicas (ex: armas) vão para o mesmo "sheol" que pessoas, o que indica que o "sheol" não é um lugar de tormento espiritual. Por isso, Pedro disse a um homem pecador: "O teu dinheiro seja contigo para perdição" (Atos 8:20).
Fogo Figurativo
Contudo, a Bíblia frequentemente usa a imagem do fogo eterno para representar a punição pela ira do Senhor. Por exemplo, Sodoma foi punida com o "fogo eterno" (Judas 1:7), ou seja, foi totalmente destruída devido ao pecado dos seus habitantes. Hoje aquela cidade é apenas ruínas, submergida entre as águas do mar morto; de modo nenhum ela está agora em chamas, o que mostra que não podemos ler esta figura de linguagem literalmente. Da mesma maneira, Jerusalém foi avisada do julgamento com o fogo eterno pela ira do Senhor, devido aos pecados de Israel: "então acenderei fogo nas suas portas, o qual consumirá os palácios de Jerusalém, e não se apagará" (Jer. 17:27). Visto que Jerusalém era a capital profetizada do reino futuro (Is. 2:2-4, Sal. 48:2), Deus não esperava que leiamos isto literalmente. As grandes casas de Jerusalém foram queimadas com fogo (2 reis 25:9), mas aquele fogo não continua eternamente.
Similarmente, em Is. 34:9-15 é profetizado "Nem de noite nem de dia se apagará; para sempre a sua fumaça subirá; de geração em geração será assolada; pelos séculos dos séculos ninguém passará por ela... e será uma habitação de chacais, e sítio para avestruzes ". Visto que animais vão existir neste lugar arruinado, podemos concluir que a linguagem de fogo eterno é figurativa e se refere à destruição daquele lugar devido a ira do Senhor.
As frases em Grego e Hebraico que são traduzidas em "para sempre" significam "pelo tempo(era)". Algumas vezes isto se refere á um tempo indeterminado, por exemplo o "tempo do reino" (quando Jesus voltorá e reinará por um tempo indefinido, para sempre por implicação), mas muitas vezes se refere à um tempo delimitado. Ez. 32:14,15 é um exemplo: "Ofel e as torres da guarda servirão de cavernas eternamente, para alegria dos jumentos monteses e para pasto dos gados, até que se derrame sobre nós o Espírito lá do alto".
Geena
No novo testamento existem 2 palavras Gregas traduzidas para "inferno". A primeira é "hades", a qual é equivalente da palavra Hebraica "sheol". A outra é "Geena", a qual é o aterro de lixo que havia fora de Jerusalém, onde o lixo da cidade era queimado. Como substantivo próprio, ou seja, o nome de um lugar, não deveria ter sido traduzido. "Geena" é o equivalente Aramaico do Hebraico "Ge-ben-Hinnon", o qual era localizada próximo de Jerusalém (Jos 15:8), e no tempo de Cristo, era a cidade do depósito de lixo. Corpos mortos de crimonosos eram jogados sobre o fogo que estava sempre queimando lá, por isso a Geena se tornou símbolo de rejeição e destruição total.
Novamente devemos retornar ao ponto da questão de que aquilo que era jogado lá no fogo não permanecia queimando lá para sempre - os corpos se decompõe em pó. "O nosso Deus é um fogo consumidor" (Heb 12:29). No dia do julgamento o fogo de sua ira para com o pecado consumirá os pecadores para a destruição, como na Geena, não para um sofrimento eterno.
Em seus ensinamentos, Jesus juntou todas aquelas idéias do velho testamento usando a palavra "Geena". Ele geralmente dizia que aqueles que são rejeitados no dia do Julgamento, em seu retorno, iriam para a "Geena" (inferno), "para o fogo inextinguível, onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga". (Mc 9:43.44). A Gehenna teria formado na mente daqueles Judeus as idéias de rejeição e destruição do corpo, e como já demonstrado acima, "fogo eterno" é uma linguagem figurativa que representa a ira de Deus contra o pecado e a morte eterna dos pecadores.
A referência ao "verme que nunca morre", é evidentemente parte desta mesma liguagem figurativa - visto que é inconcebível que existam vermes que nunca morrem. O fato da Geena ser o local do destino final de pecadores, entre o povo de Deus, punidos anteriormente (Jer 7:32,33), mostra a coerência no uso da figura da Geena por Cristo.
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